O universo numa casca de noz

Por William Jeremias

"Apesar de sermos muito limitados fisicamente, nossa mente está livre para viajar no mais profundo universo..." (Stephen Hawking)

O professor Stephen Hawking é um dos principais nomes da física teórica na atualidade, considerado por muitos como o físico mais famoso depois de Albert Einsten. Ocupa atualmente a cadeira de professor lucasiano de matemática na Universidade de Cambridge. Esta é apenas uma introdução, matemático e astrofísico, dispensa apresentanções. A maravilha de suas obras nos faz refletir sobre as "fronteiras do universo", seu surgimento e expansão, é uma busca incansável por nossas origens, um desafio ao senso comum.
Antes de ser uma obra sobre divulgação e história da ciência,O universo em uma casca de noz é um livro filosófico. O livro é bem apresentado, as figuras são criativas, didáticas e às vezes, até mesmo engraçadas.
De forma simples, Hawking consegue prender o leitor fazendo-o pensar a partir do trivial. Passo a passo o leitor não-cientista vai se familiarizando com os termos e se situando no tempo. Não sem alguma dificuldade.
O livro é uma odisséia porque realmente nos faz viajar no mais profundo universo. Não há frase mais inerente ao professor do que a frase do início deste artigo. Somos limitados fisicamente, estamos presos na terra, podemos pegar uma máquina com rodas a andar aí, ou mesmo uma máquina com turbinas, mas certamente essas distâncias são medíocres quando tratamos das dimensões do universo, mas, mesmo assim, nossa é mente é livre.
Hawking enfrenta maior limitação física que a nossa, o que não é relevante discutir, contudo sobre seu problema o próprio professor afirma; “minha limitação fez com que eu tivesse mais tempo e motivação de pensar sobre o universo do que as pessoas comuns”.
O autor apresenta ao público as ultimas teorias da física sem usar equações matemáticas, mas não sem antes partir de conceitos elementares. Explica desde a singularidade do big bang até os buracos negros.
As galáxias estão se distanciando, o que é um indício de que estiveram mais próximas antes, esse é o ponto de partida da cosmologia. Parte-se do presente para estimar os eventos passados ou mesmo determinar o futuro. O professor é irônico, brinca e especula sobre viagens no tempo através de buracos de minhoca (não com essas palavras) "Será que se voltássemos no tempo e matássemos nossos avós, teríamos nascido?".
Estudos mostram que provavelmente nosso passado tenha a forma de uma pêra. Isso ocorre devido à expansão do universo que não pode ser vista de forma alguma separada do tempo, e sobre isso também trata a teoria da relatividade. O professor dedica grande parte do livro a esta teoria que revolucionou a ciência.
Stephen Hawking aborda de forma sutil Deus, o universo e todas as coisas. Ensina que o cosmos pode ser entendido a partir do big bang, sendo que se ocorreu algo antes pode ser desprezado porque não influenciou o que ocorreu depois.
Pode-se dizer então que o universo começou de forma bem definida naquele instante, e ali também surgiu o tempo.
Também sobre tempo, ensina que em gravidades mais intensas o tempo passa diferentemente do que em gravidades mais fracas. No caso dos buracos negros, explica que não se pode vê-los, mas sabe-se que estão lá devido a sua intensa gravidade. São estrelas que foram deformando o tecido do espaço tempo através do consumo de seu combustível nuclear.
Enfim, para não especialistas interessados em física teórica o livro realmente vale a pena. Para cientistas a obra é empolgante, mas apesar da eliminação da matemática, ainda não é considerado pela maioria dos críticos como uma obra para leigos como desejava Hawking.